quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

A culpa é do teu pai/mãe!


Pela Dra. Ema Barros Mendes
Psicóloga Clínica de Crianças
 e Jovens
Após um processo de separação, os progenitores precisam de redefinir as responsabilidades e papéis parentais, reavaliar as necessidades dos filhos e tentar ter com o outro progenitor relações funcionais e cooperativas. Muitas vezes não é fácil pelas divergências nas práticas parentais e pelas emoções que estão a gerir ainda. Irão ser retratadas algumas situações que não são saudáveis para os filhos.

Na casa da mãe/pai não tens o que tens aqui.

Não tente comprar os seus filhos, pois o melhor que podem receber é amor e a paz e harmonia entre os pais. É fundamental transmitir que não são os bens materiais que importam e que não substitua a sua atenção e amor por estes.

Quando vens da casa do pai/mãe vens mal-educado!

Antes de mais nada, é fundamental reforçar que a Conjugalidade deve ser separada da Parentalidade. É fundamental tentar ter com o outro progenitor relações funcionais e cooperativas. É de evitar, por mais tentador que seja, atribuir a culpa ao outro quando o filho tem um comportamento menos adequado. Poderá não estar relacionado e se estiver deverá falar com o outro progenitor, não o confrontando ou cobrando, mas de forma a sensibiliza-lo para a situação. Jamais deverá faze-lo em frente aos filhos e muito menos fazer acusações ou desvalorizar as suas práticas parentais. Isto só irá deixar o seu filho infeliz e inseguro em relação ao outro progenitor. Este poderá ainda perder o respeito e admiração que tem por si ou ficar revoltado consigo. Os progenitores deverão conversar e tentar definir regras em comum para que os filhos não fiquem confusos. Quando as responsabilidades parentais não são partilhadas, é fácil e tentador ser “pai ou mãe de fim-de-semana” para proporcionar momentos de felicidade aos filhos sem os contrariar. Apesar de cada progenitor ter características próprias nas suas práticas parentais, os filhos precisam de um mínimo de conformidade nas regras para que cresçam com segurança e estabilidade.

Quem esteve com a mãe/pai lá em casa?

Os filhos não são nem devem ser “postos de informações” e muito menos “moços de recados”. Quando estes vêm da casa do outro progenitor deve perguntar apenas “está tudo bem? Como correu?” e deixar que a criança ou jovem conte apenas aquilo que considera importante. Do mesmo modo, não deverá em situação alguma “mandar recados” através do seu filho para o outro progenitor quando existe conflito com este. Deverá tentar falar sempre diretamente porque é um modelo para o seu filho e a cordialidade é uma característica que este precisa de aprender. Não precisam de ser os melhores amigos mas tente comunicar de uma forma saudável, pensando sempre em primeiro lugar no que é melhor para os seus filhos.

O teu pai/mãe agora tem uma nova família e já não tem tempo para ti!

Após um processo de separação é natural que as pessoas refaçam a sua vida. Quando estão a viver uma nova paixão, por vezes, mesmo sem se darem conta, afastam-se dos filhos. É importante ter atenção a isto porque as crianças e jovens pensam que os pais têm uma nova vida na qual não se encaixam, sentindo-se tristes e abandonados, embora muitas vezes não o verbalizem. Os pais devem conversar sobre a nova relação, deixando claro que serão sempre seus pais e que os filhos são as pessoas mais importantes da sua vida. Do mesmo modo, o outro progenitor deverá evitar comentar de forma depreciativa esta situação, incentivando os filhos a conhecerem o/a companheiro/a dos pais. Caso note um afastamento do outro progenitor em relação aos filhos, deve alertá-lo para a situação quando estes não estiverem presentes.


Fonte da imagem: Google
Em suma, após um processo de separação, os progenitores devem tentar ter com o outro relações funcionais e cooperativas, evitando que a relação conjugal insatisfatória que levou à separação contamine a relação com os filhos no presente. Lembre-se que irão estar sempre ligados e quanto mais harmoniosa for a relação entre os pais mais felizes e saudáveis serão os filhos. Caso sinta dificuldade em manter uma relação de cooperação ou sinta que o seu filho está com dificuldade nesta adaptação, deverá procurar um técnico especializado.

 
 
 
 

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