A Importância do Sono

Pela Dra. Ema Barros Mendes

O sono é uma necessidade básica e essencial para a manutenção da saúde das crianças e jovens. Tem uma função restauradora e reparadora - ao final do dia o cérebro e o corpo descansam e recuperam, sendo através do sono que o corpo repara os danos que tenham ocorrido nos tecidos durante o dia.  Facilita ainda a aprendizagem de novos conceitos - as informações recebidas ao longo do dia são processadas, organizadas e armazenadas, transformando aprendizagens em conhecimento. Só é possível aprendermos coisas novas todos os dias porque processamos e arrumamos as informações.

O sono promove a Libertação de hormonas e neurotransmissores importantes, como a Hormona do crescimento (GH), a Leptina, o Cortisol e Serotonina.

- Em crianças e jovens 90% da Hormona do Crescimento é libertada durante o sono, a qual é crucial ao longo da vida, nomeadamente nas primeiras fases de desenvolvimento porque, como o próprio nome indica, promove o crescimento e o desenvolvimento. Evita também o armazenamento de gordura no tecido corporal e promove um aumento da massa muscular, prevenido a obesidade infantil,. Fortalece ainda os ossos, combatendo a osteoporose e aumenta a tolerância à glicose, prevenindo diabetes tipo II. Esta hormona atua, deste modo, contra o envelhecimento e o desgaste do organismo.

- Durante o sono é a altura em que se liberta maior quantidade de Leptina, uma hormona que atua na regulação do apetite no sistema nervoso central, promovendo uma maior saciedade com redução da ingestão de alimentos e um aumento do gasto energético, combatendo também a obesidade infantil.

- O Cortisol, conhecido pela hormona do stress, faz com que as pessoas acordem e tem o seu pico no início da manhã. Dormir pouco pode alterar o ritmo da sua libertação, podendo ter efeitos semelhantes aos originados pelo stress, como a ansiedade.

- A Serotonina é libertada na sua grande maioria durante o sono e é um dos neurotransmissores responsáveis pela comunicação entre os neurónios, o ritmo cardíaco e a regulação do apetite. O humor é também altamente influenciado pela concentração deste neurotransmissor e o seu défice pode originar tristeza, ansiedade ou depressão. Com poucas horas de sono, é natural que as crianças ou jovens se sintam irritados, mal-humorados, ansiosos, impacientes, apresentem oscilações de humor, tenham sono e apresentem cansaço durante o dia, vontade de chorar, impaciência, dificuldades de aprendizagem e maior propensão a perturbações de memória e concentração. A agressividade também poderá estar ligada à insuficiência deste neurotransmissor uma vez que este se relaciona com o controlo de impulsos no nosso sistema límbico (sistema das emoções). É de referir também que a redução de serotonina diminui a produção de melatonina (hormona do sono), originando futuras perturbações do sono em crianças e jovens.

- É fundamental aludir que durante os ciclos do sono são consolidadas as memórias do que aconteceu durante o dia. As crianças e jovens que não dormem bem geralmente têm dificuldade em lembrar-se das coisas e ficam mais distraídas. Apresentam ainda défices na resolução de problemas pela redução da capacidade de planear e executar tarefas, maior lentidão no raciocínio com consequências no seu desempenho escolar.

- Dormir pouco pode também ser erradamente diagnosticado como Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção pela semelhança dos sintomas.

 

Fonte da imagem: Bill Watterson

 

As horas de sono necessárias variam de acordo com cada criança ou jovem e vão diminuindo com a idade:

              Recém nascidos: entre 18 e 20 horas*

               A partir dos seis meses: entre 16 a 18 horas*

 

               A partir dos 2 anos: 12 a 14 horas*

 

               A partir dos 5 anos: 10 a 12 horas.

 

               A partir dos 12 anos: 10 horas.

               Adolescentes: 8 a 9 horas.

 

Para uma melhor adaptação ao primeiro ciclo é recomendado que as crianças a partir dos 5 anos se habituem a não dormir durante o dia.

 

* Estão incluídas as sestas durante o dia.