Para que serve o brincar?
Durante
algum tempo pensou-se que a brincadeira não teria qualquer função específica, mas,
atualmente é do conhecimento de todos que esta é fundamental para o
desenvolvimento das crianças, pois, como referia Winnicott, uma referência para
a psicologia da criança, “o brincar facilita o crescimento e portanto a
saúde”.
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Pela Dra. Ema Barros Mendes |
A
brincadeira não é exclusiva à espécie humana, é uma forma de exploração do
mundo que permite a aprendizagem de novos conceitos nas interações com o meio,
é um espaço lúdico onde as crianças poderão descontrair-se e divertir-se. Através
da brincadeira as crianças poderão também expressar os seus desejos e fantasias
e libertar tensões e frustrações, resolvendo os seus conflitos e preocupações
através desta. A imaginação e a criatividade também se desenvolvem a partir do
brincar, uma vez que a criança tem neste liberdade para inventar, criar e
descobrir.
Para além
de ser uma atividade prazerosa, a brincadeira proporciona também o desenvolvimento
motor, o desenvolvimento da linguagem e da comunicação bem como das
competências cognitivas, emocionais e sociomorais:
Desenvolvimento
motor: na brincadeira as crianças têm atividades que desenvolvem os
músculos e estabilizam os movimentos físicos, adquirem também a perceção e
orientação de espaço e tempo que é fundamental para a coordenação motora.
Desenvolvimento
cognitivo: para além de desenvolver o raciocínio, dando a conhecer o
sentindo das coisas, a brincadeira desenvolve a capacidade de atenção, perceção
e memória e dá uma oportunidade às crianças para explorarem situações
semelhantes às vividas na vida adulta e adquirir competências de resolução de
problemas nestas mesmas situações, explorando o mundo e organizando-o.
Desenvolvimento
.da linguagem e de competências de comunicação: na
brincadeira as crianças desenvolvem a linguagem ao interagirem com o outro, uma
vez que é através das palavras que as crianças ao brincar, expressam os seus
sentimentos e aprendem ou ensinam ao outro as regras. Poderão desenvolver
competências de assertividade e negociação com o outro através dos jogos de
papéis desempenhados na brincadeira.
Desenvolvimento
social: quando a criança brinca com os seus pares tem oportunidade de
aprender a relacionar-se com o outro, a partilhar, a ceder, a negociar, a
respeitar o outro e a liderar ou ser liderada. Por sua vez quando esta brinca
com os adultos de referência há um estabelecimento da relação afetiva com
estes, sentindo-se mais amada e confiante o que poderá ser fundamental para a
sua autonomia.
Desenvolvimento
emocional: a brincadeira facilita a regulação emocional e ao brincar a
criança adquire um leque de competências emocionais, nomeadamente o
auto-controlo aprendendo a esperar a sua vez e a lidar com a frustração quando perde
ou quando a brincadeira não é exatamente como gostaria.
Desenvolvimento
moral:
no brincar as crianças aprendem os valores morais, as regras e os limites na
relação com o outro, semelhantes às normas existentes no mundo dos adultos,
aprendem também as regras implícitas, como o não abandonar a brincadeira a meio
e respeitar o espaço do outro.
Atualmente
as crianças têm muitas atividades extracurriculares planeadas e com horários
rígidos. Os adultos por sua vez também estão dependentes de horários pouco flexíveis
e têm uma diversidade de tarefas domésticas para fazer ao final do dia. Nos
tempos que correm é difícil gerir o tempo e as atividades, sobrando muito pouco
tempo para os momentos em família. Há adultos que reconhecem isto e que se
culpabilizam por não ter tempo para as crianças, no entanto bastam cerca de 10
a 15 minutos por dia. Um estudo desenvolvido pela Faculdade de Psicologia e de
Ciências de Educação da Universidade de Coimbra demonstrou que brincar 10
minutos diários com os filhos na idade pré-escolar reduz perturbações do
comportamento nas crianças e aumenta as competências parentais.
Quando o
adulto de referência for brincar com a criança, deverá ser um momento em que
está 100% disponível para esta, deverá dedicar-se exclusivamente a esta tarefa,
esquecendo o computador, o telemóvel e a televisão, sendo um momento privilegiado
para o estabelecimento da relação entre a criança e o adulto.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjClhXRxhDqITG9reWxy2BsXvi9FXxYyGYvC101b9k-ubk8WpCyKoeuEQF1zMNkWQ7jAnBeCXWK9SiWmnjPXkKUpGIJU3v3zQkRomttgfnnnR1h2nFs8jDACbKmW_LMX0ZZVs986L_mWHk/s1600/brincar3.gif)
E deste
modo, o mais importante não é a quantidade do tempo da brincadeira mas sim a
qualidade do mesmo.
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