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Pela Dra. Ema Barros Mendes Psicóloga Clínica de Crianças e Jovens |
Há
crianças que exteriorizam o que estão a sentir e outras que interiorizam, não
falando sobre isso, podendo esconder um grande sofrimento interno com
sentimentos de dúvidas e medos em relação ao futuro, tristeza, raiva ou até sentimentos de rejeição. Manifestam isto muitas vezes
através de alterações do sono, da alimentação ou do comportamento (tristeza,
decréscimo no rendimento escolar, agressividade, ou outros) ou através de regressões
(fazer chichi na cama, birras ou outros). Apesar do momento confuso,
desgastante e doloroso, é fundamental que os pais estejam atentos ao que se
passa com os filhos, conversando, apoiando e desmistificando os seus receios
face ao futuro.
Conjugalidade versus
Parentalidade
Antes
de mais é importante reforçar que a Conjugalidade
deve ser separada da Parentalidade.
Os pais deixam de ser um casal mas jamais deixam de ter responsabilidade de
cuidar, educar e amar os seus filhos. As crianças e jovens precisam dos dois
progenitores para crescerem de uma forma saudável.
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Fonte da imagem: Google imagens |
Eles já não gostam
um do outro… também vão deixar de gostar de mim?
Muitas
vezes as crianças pensam que por os pais já não se amarem, deixarão também de
gostar de delas, sendo essencial no momento em que esta decisão é comunicada e
nos momentos que se seguem, reforçar aos filhos que eles continuarão a ser a
coisa mais importante da vida dos pais e que o amor por eles jamais acabará
para que estes se sintam seguros.
A culpa é minha, se
eu não desse tanto trabalho os meus pais ainda estavam juntos!
Com
frequência as crianças culpabilizam-se, pensando que os pais se separaram por
sua causa. É imprescindível dizer à criança que a separação não tem nada a ver
com ela e que os pais agora gostam um do outro apenas como amigos.
Gostas mais da mãe
ou do pai?
A minha filha tem
sido a minha melhor amiga agora.
Jamais
faça os seus filhos escolher, eles continuam a ser filhos dos dois e algumas
decisões devem ser da responsabilidade
dos adultos. Muitas vezes os filhos aliam-se também ao progenitor que ficou
mais fragilizado, culpabilizando-se em seguida por terem tomado um partido. É
importante que os pais estejam atentos e evitem fazer qualquer tipo de aliança
com a criança ou jovem porque isto pode ocorrer, ainda que inconscientemente,
pela fase dolorosa que estão a passar. Não se devem também apoiar nos filhos, devem
sim recorrer a outros adultos ou a ajuda profissional mas esta carga jamais
deverá ser suportada por uma criança ou jovem. Os papéis pais-filhos não devem
ser, do mesmo modo, confundidos e os filhos não podem ser o amparo dos pais e
muito menos os seus confidentes.
Em
suma, apesar de difícil, após um processo de separação, os progenitores
precisam de redefinir as responsabilidades e papéis parentais, focar-se e reavaliar
as necessidades dos filhos, evitando que este momento doloroso e confuso contamine
essa relação e tentar minimizar ao máximo o seu sofrimento pois eles também têm
várias perdas para gerir. Caso sinta dificuldade neste processo de mudança
deverá procurar ajuda junto de um técnico especializado.
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